terça-feira, 5 de novembro de 2013

Nome Simbólico: Imhotep

O nome Imhotep está revestido de grande riqueza e significado simbólicos, a diversos níveis.
Comecemos pelo plano etimológico: traduzindo do Antigo Egípcio, Imhotep significa literalmente “Aquele que vem em Paz”. Por si só, o significado literal do seu nome transmite uma mensagem poderosa, uma das grandes virtudes que a Humanidade deve tentar alcançar, consequentemente um objectivo nobre para qualquer maçom, e para o qual eu pretendo contribuir com o meu trabalho, pensamentos e acções.

Historicamente a figura de Imhotep está envolta de grande mistério. Viveu no século XXVII AEC (2700-2600 AEC), no final da segunda e princípio da terceira dinastia egípcia. Vindo do povo, conseguiu chegar a Vizir, equivalente a primeiro-ministro, tendo acima dele apenas o faraó, e segundo alguns autores foi-lhe dado o título honorífico de “Irmão do Faraó”. É o personagem histórico não-monarca mais conhecido do antigo Egipto. A sua titularia conhecida mais completa é: “Chanceler do Rei do Baixo Egipto, Médico, Primeiro em linha depois do Rei do Alto Egipto, Administrador do Grande Palácio, Nobre Hereditário, Sumo Sacerdote de Heliopolis, Construtor, Carpinteiro-chefe, Escultor-chefe, e Chefe dos Fazedores de Vasos”.

A sua fama e importância foi tal, que diversos mitos apareceram em torno do seu nascimento, sendo que num deles Imhotep era filho do deus egípcio Ptah, deus dos artífices e dos arquitectos, patrono dos escultores, carpinteiros, ferreiros e construtores de navios, em suma ligado a tudo aquilo que se possa criar com as mãos.
Homem de muitos talentos, a fazer lembrar as grandes figuras do Renascimento Europeu, distinguiu-se na política, na filosofia, na religião, na magia, na arte, na astronomia, na medicina, na arquitectura e na engenharia.
O mistério à sua volta adensa-se ainda mais pelo facto do seu túmulo ainda não ter sido encontrado, sendo actualmente considerado como uma espécie de “Santo Graal” da Egiptologia, pensando-se que deve estar nas proximidades do complexo funerário do Faraó Djoser em Saqqara. 
Conhecido no seu tempo como curandeiro e médico, é considerado como o pai da Medicina por ser o primeiro conhecido pelo seu nome na História Registada da Humanidade (após a invenção da Escrita) ligado ao campo da Medicina e Cirurgia. Referido em antigos textos médicos com o papiro Edwin Smith do século XVI AEC, que se trata de reprodução mais recente de um texto atribuído a Imhotep, com mais de 90 termos anatómicos e os sintomas e curas de 48 doenças ou casos são descritos nesse documento. Na sua época outros dois nomes surgem ligados à medicina Hesy-Ra e Merit-Ptah, não se sabendo se viveram antes, durante ou depois da vida de Imhotep, mas a fama deste último e os registos históricos acabam por eclipsar os anteriores.
Após a sua morte foi elevado à condição de semi-deus, sendo feitas oferendas e ex-votos no seu túmulo para a cura de doentes. Cerca de 525 AEC foi deificado como o deus da Medicina no panteão egípcio, e substitui Nefertum na grande tríade de Mênfis como filho do deus Ptah. Mais tarde os gregos da Antiguidade Clássica prestaram-lhe culto identificando-o como o conhecido deus grego da medicina Asclepius.
O eminente médico britânico do século XIX Sir William Osler considerou-o como “a primeira figura de um médico a sair claramente do nevoeiro da Antiguidade”

É o primeiro arquitecto conhecido pelo seu nome, sendo por isso considerado o pai da Arquitectura e da Engenharia, numa altura em que o conceito de Arquitectura englobava os campos actualmente separados da Arquitectura e da Engenharia. É-lhe atribuído a autoria daquele que é tido como o primeiro e mais antigo edifício de pedra da humanidade, a Pirâmide de Degraus em Saqqara, e o complexo funerário circundante pertencente ao Faraó Djoser.
Tratando-se de algo completamente novo na história da Humanidade, sendo a prova disso o facto de não ter chegado nenhum vestígio arqueológico semelhante ou anterior, Imhotep teve não só de inventar e desenvolver técnicas especiais para a extracção, transporte, trabalho da pedra e acabamento, enfim transformar a pedra bruta em pedra polida, tema tão caro à nossa Augusta Ordem Maçónica; bem como de desenvolver técnicas de gestão e logística para levar um projecto de uma escala até então nunca vista a bom porto, ou seja a uma boa concretização.
A utilização, pela primeira vez na História, da pedra como material de construção tinha um objectivo muito claro e preciso, criar palácios para a Eternidade, tema tão caro aos egípcios com a sua religião ressurreicionista. É por isso que alguns autores lhe chamam como o inventor da Eternidade. O valor simbólico é de tal maneira intrínseco e óbvio que qualquer explicação adicional parece supérflua.
A partir desta altura, os egípcios passaram de uma construção de madeira e tijolos de lama para uma arquitectura mais imponente, monumental e duradoura em pedra que chegou até aos nossos dias, causando-nos ainda hoje sentimentos de assombro e admiração.

Crê-se que foi iniciado nas mais secretas escolas de conhecimento e místicas existentes durante a sua vida. Uma possível prova disso será o facto de ter chegado a Sumo Sacerdote de Heliópolis, os seus conhecimentos de artesão e o lugar político a que ascendeu. Talvez terá transformado algumas delas ou criado novas, com ligação ao trabalho da pedra. Quem sabe se a Maçonaria não descende directa ou indirectamente de uma delas?
Por todos estes motivos, Imhotep é considerado o primeiro génio da Humanidade, destacando-se nos mais variados campos do conhecimento científico, filosófico, esotérico e místico, estando nele bastante interligados, como nos mais conhecidos nomes do Renascimento Europeu, cientistas e alquimistas como Newton. Para mim e para alguns autores de renome, Imhotep é a primeira centalha de génio que tirou a Humanidade da Escuridão para a Luz, outro tema também tão caro à Maçonaria. Ele representa o despertar da Civilização.
Ao escolher nome simbólico de Imhotep, pretendo seguir os passos de tão extraordinário personagem, quer ele tenha sido real ou simbólico, pois foi a primeira vela na Iluminação da Humanidade para sair das trevas para a Civilização. nos diversos planos, material e espiritual fazendo uma fusão perfeita de ambos. Pretendo com o trabalho da minha pedra bruta, construir o meu Palácio da Eternidade, o legado que deixarei para as gerações futuras através de actos e palavras.

Autor: Imhotep

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